Um ano de Menelau e os Homens.

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Como nunca é tarde para a gratidão, então …

Faz pouco mais de um ano que tive meu mais recente livro publicado.

Menelau e os homens (Casarão do Verbo, 2012) foi lançado no Restaurante Grande Sertão, em Salvador ( depois Feira de Santana e Itaberaba). Daí pra cá vem sendo bastante lido e, para minha alegria, tenho recebido boa crítica, não só dos leitores, mas de alguns veículos de imprensa. Foram três resenhas,  publicadas pela Verbo21, pelo Jornal A Tarde e pelo Blog de Literatura do iBahiaPor tudo isso, portanto, só tenho a agradecer, não só aos que dão retorno sobre o prazer em ler nosso trabalho e aos veículos que resenharam o livro, mas também a Rosel e Renata Soares, da Editora Casarão do Verbo, pelo belo projeto editorial e por distribuirem Menelau e os homens em todo o Brasil.

Ser também o que é alheio. Resenha de Menelau e os Homens, por Saulo Dourado

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              A new year in the cimarron. Óleo sobre tela de Frederic Remington.

Clique no trecho e leia a resenha completa que o  Blog de Literatura do iBahia publicou sobre Menelau e os homens (Casarão do Verbo, 2012)

A noção de tempo nas letras é outra e, mesmo quase um ano após o lançamento de um livro, um exemplar pode a nós aparecer como a mais absoluta novidade. É o caso para mim de Menelau e os homens (Casarão do Verbo, 2012), de Dênisson Padilha Filho, autor que acompanho por publicações em jornais e internet, sem antes ter-me sentado com um dos seus impressos, já o terceiro na lista que começou em 1999. Este agora que é composto por duas novelas e possui uma atmosférica imagem de cavalos na capa é mais uma manifestação do fascínio máximo do autor, a percorrer literatura e trabalhos acadêmicos seus: os solos do coração do vaqueiro. Nas duas narrativas, homens de rosto firme e pernas separadas por um lombo de cavalo percorrem seus enfrentamentos. E o nosso, enquanto leitor, coloca-se inicialmente pela questão: como sentir o mesmo que vaqueiros se eu não fizer ideia de como é ser um ou se não partilho dos mesmos elementos de realidade?

Saulo Dourado é escritor e professor. Ensina filosofia e publica contos em periódicos e portais. Venceu dois prêmios literários e um edital de criação. Também se envolve com materiais didáticos e com a coleta de provas para os casos que conta, os quais jura ter testemunhado.

MENELAU E OS HOMENS: Demasiado ambíguos – Resenha de Paulo André Correia para a VERBO21

 

Clique no trecho e leia a resenha completa que a VERBO21 publicou sobre Menelau e os homens (Casarão do Verbo, 2012).

“Numa conversa virtual com Dênisson, falei desse viés ritualístico e ele falou do confronto entre o ideal helênico de cultura e o ideal judaico. Atentei então para os nomes dos personagens. Menelau, que lembra o ideal grego de herói e Davi, o herói judaico, com a vitória do segundo. Na minha leitura, como já salientei, vi a metáfora da invasão violenta dos valores da dita modernidade urbana. Davi, capturado, deixa o amigo Menelau nas brenhas do sertão por vários dias e percebe que só resta voltar à cidade, deixando a certeza de que na vida não há inocentes, pois como lhe revela a voz intrusa que aparece na narrativa: “os homens não são bicho de confiança” (p. 43). Davi, então, “tomou as rédeas de sua égua monumental, montou e se afastou num galope apressado, afinal, a cidade precisava dele” (p. 43). A hybris (a ambiguidade de que fala o narrador de Calumbi) derrota a aretê (o ideal épico de virtude)”.

Paulo André Correia é Mestre em Literatura pela UEFS. Atualmente leciona na UNEB.

VASTIDÕES, POEIRA E DEVOÇÕES INFAMES

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“…Não iria, portanto, desde sempre sacrificar a memória dos seus olhos — habituados a vastidões, poeira, lajedos e tropeiros passantes — com as coiseirices domésticas da matrona. Desde sempre preferiu que fosse assim; que numa espécie de segregação recíproca a velha se alimentasse de suas paixões e devoções infames, com ele ao longe; e ele seguindo impoluto sem que suas mãos, puras de leite e suor, se contaminassem de valores e práticas menores.”

Trecho da novela Calumbi, que integra o livro Menelau e os homens (Casarão do Verbo, 2012).

Agradecimentos

Quero agradecer a todos os amigos que compareceram ao lançamento de Menelau e os homens (Casarão do Verbo, 2012, ficção), ontem (dia 8 de março), e lotaram o restaurante Grande Sertão. Quero agradecer também à editora Casarão do Verbo e aos editores Rosel e Renata Soares; à assessora de comunicação que me auxiliou nesse processo de lançamento, Maria Clara Lima; e ao restaurante Grande Sertão, em especial a Rosy e Ronaldo Teixeira, que receberam a proposta de braços abertos, em uma parceria que já vem de longa data!

Muito obrigado a todos vocês!

Fotos do lançamento

Seguem algumas fotos do lançamento de Menelau e os homens (Casarão do Verbo, 2012, ficção), que aconteceu ontem (dia 8 de março), no restaurante Grande Sertão, em Salvador.

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O lançamento: como chegar

Você já sabe como chegar ao restaurante Grande Sertão para o lançamento de Menelau e os homens? Olha aqui o mapa!
 


 
O lançamento acontece quinta-feira, dia 8 de março, a partir das 19h. Até lá!

Serviço

O que: lançamento do livro Menelau e os homens (Casarão do Verbo, 2012, ficção), de Dênisson Padilha Filho
Quando:
dia 8 de março, quinta-feira, às 19h
Onde:
restaurante Grande Sertão (Rua Adelaide Fernandes da Costa, 122 – Costa Azul, em frente ao Parque Costa Azul, Salvador)
Quanto custa o livro: R$ 25 (no dia do lançamento)

O vaqueiro Moisés

O sol, em todas as manhãs daquela quadra do ano, custava a varar a cerração pesada que recaía sobre a galharia seca do baixio, quadrante esquecido pelas chuvas, ao menos durante boa parte do ano. Tudo por quanto pudesse um homem assentar suas vistas era estático e infinitamente mordaz e, àquela hora, somente uma criatura se movia naquela penumbra devoluta de caatinga e carrascais pedregosos. O vaqueiro do Sítio do Calumbi. Seu cavalo, que dormira na manga logo detrás da casa, já atado ao mourão do curral, o acompanhava com os olhos. Assentia com mansidão o colocar da manta e da sela sobre si. Moisés, o vaqueiro, arrastando suas botinas velhas, ao tempo em que entrava no pequeno cômodo e saía com as peças do jaez de sua montaria, marcava, ora pelo chão de lajota, ora pela soleira da porta, ora pelo chão do terreiro, uma cadência monótona de sola e esporas. Única e primeira música das alvoradas da sequidão friorenta do baixio do Rio de Contas.

Colocou Moisés o peso sobre o estribo do seu cavalo ruço e saiu encourado e imponente. O cavalo, a pisar sutilmente e sem alarde, rumava com seu cavaleiro para dentro da galharia espinhenta. Moviam-se discretos, para não acordar o mundo.

A foto foi daqui.

Fuja sem olhar pra trás

E as perguntas eram muitas na cabeça de Davi: Onde estavam os amigos, correligionários de sua família e de seu irmão? Onde estaria agora seu irmão? Pior que ele? Será que capturado? Haveria se rendido? Ou teria trocado tiros até a morte? Onde foi parar, ou como se acabou, da noite pro dia, tudo de prestígio e carisma de que tanto gozaram por toda a vida? Mas é que os homens não são bichos de confiança e, se há algo que, definitivamente, não se pode atribuir a eles é retidão e civilidade; pelo menos, não aos homens daquele vilarejo. Bastava que um alguém — que nunca, sequer, tenha recebido um reles bom-dia na rua — se tornasse capataz do intendente para que sua parentada passasse a ser tratada feito lorde. Ou bastava que nova indicação de intendente ocorresse para que se invertesse o rumo dos rapapés.

Difícil saber, em detalhes, o que houve afinal, já que nem tempo para perguntas lhe restou. Vinha chegando à tardinha do dia anterior ao sossego de sua casa isolada do outro lado da serra, quando um recado lhe alcançou as mãos: “Fuja, Davi! Salve sua pele. Fuja sem olhar pra trás!”. Desistiu de praguejar e de lamentar pra dentro; olhou pro lado e viu Menelau, com quem deveria aprender a ficar quieto, afinal, de nada mais valiam seus ódios e mágoas. Agora era Menelau e ele, a pé.

A foto é daqui.

Lançamento no Grande Sertão

O lançamento de Menelau e os homens (Casarão do Verbo, 2012, ficção) tem data, lugar e hora! Dia 8 de março, às 19h, no Restaurante Grande Sertão, em Salvador. Anote aí!